Esta pesquisa advém da inquietação de uma professora que, no exercício de sua profissão como professora e professora-coordenadora de atividades e projetos com o uso da tecnologia informática na escola, atuando da Educação Infantil ao Ensino Fundamental, depara-se com a subutilização deste instrumental tecnológico quando do trabalho com professoras e estudantes. Esta e outros fatores como o medo e a resistência de alguns sujeitos no uso da tecnologia informática, a criatividade de outros quando deste uso, a necessidade de encontros de formação para conhecer e explorar esta tecnologia no espaço escolar, o conceito e ideologias da informática e suas potencialidades e limitações, etc., atravessaram a professora impingindo-lhe marcas que, por sua vez, foram produzindo movimento e colaborando para o seu desenvolvimento profissional.Na trajetória de produção desta pesquisa foram imprescindíveis o diálogo com alguns estudiosos da formação de professores e sobre a tecnologia informática na escola; o diálogo com os sujeitos participantes do GEPEC - Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Educação Continuada - da Faculdade de Educação da Unicamp, nos encontros periódicos; o diálogo com um grupo de professoras, constituído voluntariamente, que vivenciaram a experiência na escola - locus desta pesquisa, que foi fomentador de discussões em torno do uso e não uso da tecnologia informática na escola, bem como da formação desta profissional para atuar nesta perspectiva. Estes diálogos delinearam o conjunto de reflexões da professora-pesquisadora deste texto.Com base nestas experiências enquanto professora, professora-coordenadora e professora-pesquisadora, e nos estudos decorrentes delas, algumas possibilidades de verdade são apontadas sobre a formação de professores a partir da tecnologia informática na escola, tomando como referencial o uso e a exploração de tal instrumental neste espaço, inscrevendo contribuições deste para a escola. Esta é a contribuição desta pesquisa para a educação brasileira, em particular, para a escola básica, por constituir-se em um conjunto de reflexões que possibilitaram a construção de algumas verdades sobre a tecnologia informática na escola como ferramenta de trabalho para as professoras, sobre as possibilidades de formação de professores desencadeadas quando do uso e reflexão de tal ferramenta, bem como uma experiência no chão da escola transformar-se em material escrito podendo assim circular e dialogar com outras/novas experiências.
Pesquisas concluídas
TATEIOS E VERDADES POSSÍVEIS SOBRE A FORMAÇÃO DA PROFESSORA A PARTIR DA TECNOLOGIA INFORMÁTICA ( Mestrado )
COOPERAÇÃO E DEMOCRACIA NA ESCOLA: CONSTRUÇÃO DE PARCERIAS NO COTIDIANO ESCOLAR COMO FORMAÇÃO CONTINUADA ( Mestrado )
Este trabalho refere-se a uma experiência de construção de proposta inovadora, no âmbito da rede particular de ensino do Brasil, tematizando nele a relação de mediação desempenhada pela coordenação pedagógica e a construção de parcerias para realizar o trabalho no cotidiano escolar que esta mediação permitiu. A história da escola é também a da constituição da formadora e do projeto de formação que foi possível desenvolver, sendo um trabalho com a pedagogia Freinet e não sobre ela. Os elementos fundamentais nessa empreitada foram: a minha própria experiência de trabalho nesta escola, a memória de professores e minha e o arquivo da escola com extenso material de documentação. O 1o capítulo contextualiza o surgimento de experiências inovadoras, mostra os pilares nos quais está assentada a escolarização e propõe o questionamento a estes pilares e apresenta, em linhas gerais as idéias de Freinet. O 2o capítulo traz o relato da história da escola, o 3o trata da construção de parcerias necessárias com professores, alunos e pais. O 4o capítulo extrai aprendizagens: sobre as dificuldades que enfrentam os projetos de inovação, sobre a mediação da coordenação nos processos de mudança, sobre o papel da escola como lugar da prática e da reflexão, sobre a importância do diálogo, sobre a pluralidade do espaço escolar e sobre a constituição de sujeitos na interação. Um aliado foi o Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação Continuada, da Unicamp, que se coloca na perspectiva de ver no trabalho do professor e dos que atuam na escola as possibilidades de produção de conhecimento que aí se originam, rejeitando modelos de teorização que prescrevem receitas e atribuem rótulos a estes atores.
EDUCAÇÃO CONTINUADA À MARGEM: GEPEC: FORMAÇÃO ACONTECENDO NAS BRECHAS DAS INSTITUIÇÕES ESCOLARES ( Mestrado )
A institucionalização do grupo de formação docente, GEPEC - Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Continuada - junto à pós-graduação da Faculdade de Educação da Unicamp, em 1996, permitiu a criação de espaços de reflexão coletiva. Essa prática traçou o modo específico de funcionamento do grupo: as dinâmicas interativas e discursivas, muitas vezes, transformavam os encontros, em possibilidades de trocas de narrativas de experiências, e as trocas de narrativas em organização de conhecimentos. Organizando o sentido dessa pesquisa: entender os processos de transformação dos encontros do GEPEC em um espaço de partilha, de descobertas e inquietações, e em possibilidades de organização de conhecimentos lastreados na experiência. Apegando-me a esses sentidos, dissertei sobre a prática que exercemos nesses espaços: a de contar e ouvir histórias e a influência da mesma, na formação das professoras que circulam por esses espaços. Enquanto juntava os enunciados, em um alinhavar provisório, os meus afazeres, no grupo, enquanto professora pesquisadora em formação, se aproximaram da arte da bricolagem. Arremedei a criação de uma colcha de retalhos: escolhendo algumas tiras de narrativas, esbocei uma forma para a minha dissertação. E o labor da escrita me revelou o contorno: se não contei na disposição dos capítulos, a história de um grupo que se institucionalizou, tracejei, enquanto costureira da história, no modo como dispus os retalhos das narrativas do cotidiano escolar, o itinerário que percorri, e as marcas adquiridas no trajeto, valendo-se das pequenas brechas existentes ou cavando outras, criando espaços de formação continuada, nos quais a possibilidade de produção de conhecimentos docente é real.
A CONSTRUÇÃO DO SER PROFESSOR E A CAPACITAÇÃO DOCENTE ( Mestrado )
O presente trabalho tem por objetivo principal analisar a relação existente entre construção do saber docente e formação docente tomando como pano de fundo o programa de capacitação docente realizado na rede Municipal de Jundiaí, buscando compreender como os programas de capacitação em serviço determinam mudanças no fazer docente em sala de aula. Para isso, realizei um trabalho de campo, no curso de capacitação da Rede Municipal de Jundiaí, na qual trabalho como docente, partindo das questões enunciadas na conclusão de um trabalho monográfico que realizei na mesma rede para a conclusão de meu curso de pedagogia. Associado ao trabalho de campo, trabalhei com depoimentos, registros de comentários, solicitações escritas de avaliação do programa, entrevistas, análise de materiais e documentos (ver inventário no anexo). Os dados coletados interpretados à luz da bibliografia, revelaram que existe um descompasso entre a proposta de criação dos cursos de capacitação e o que estes são realmente no seu desenvolvimento. O saber docente aplicado em sala de aula é resultado de toda uma vida no sentido social e formativo; a capacitação transforma apenas as técnicas, mas não alcança os saberes docentes. Não se trata apenas de instituir cursos de capacitação. Formar professores transcende este conceito, há que se garantir que o professor perceba a importância e anseie por esta mudança na sua prática. Esta pesquisa contribui lançando questões aos formuladores de cursos de capacitação para que busquem novos caminhos ao implantar tais cursos e para os professores, alertando para que estes precisam exigir o direito de escrever sua história com suas próprias mãos.
DA CONSTITUIÇÃO À DESCONTINUIDADE POLÍTICA NO TRABALHO DOCENTE COLETIVO: PROCESSOS DE RE-EXISTÊNCIA ( Doutorado )
A partir de minha experiência em trabalho coletivo no cotidiano da escola pública do Estado de São Paulo enquanto professora, inquietei-me com a força que o grupo docente apresenta para enfrentar o cotidiano da escola e as políticas de desvalorização do trabalho pedagógico. Com esta preocupação elaborei uma proposta de pesquisa com o objetivo, dentre outros, de recuperar a experiência do trabalho coletivo de um grupo de professores numa escola pública no começo da década de 90 e refletir sobre este espaço enquanto espaço de constituição da identidade docente. Para tanto parto da escola em sua positividade, como locus do possível (Ezpeleta e Rockwel, 1989) e utilizo, como procedimento metodológico, a recuperação da história oral destes professores e recuperação de documentos diversos que colaborem na compreensão do objeto de pesquisa. Alguns indicadores apontam para as relações de poder instauradas no cotidiano da escola; para as intersecções das atuais políticas educacionais com o mundo do trabalho numa perspectiva de ênfase no discurso da importância do trabalho coletivo; para os vínculos políticos e de confiança que são estabelecidos no grupo e que proporcionam a configuração do trabalho pedagógico; para as táticas e estratégias utilizadas para produzir e manter um projeto pedagógico. Como referenciais estão sendo utilizados Certeau sobre as artes do fazer e seu conceito de táticas e estratégias; Michael Foucault na compreensão das relações de poder; David Harvey na compreensão do mundo do trabalho; documentos sobre políticas educacionais atuais na área de reformas da formação de professores; além de Georges Lapassade na análise institucional para a compreensão das relações dos indivíduos no grupo.
PELAS TELAS, PELAS JANELAS: OLHARES DA COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA NA FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES/AS NAS ESCOLAS ( Doutorado )
A ação da Coordenadora Pedagógica tem sido associada na literatura e produção educacional como formadora de professores nas escolas. Nessa perspectiva, a Coordenadora Pedagógica seria a articuladora da formação em serviço, subsidiando e mediando a reflexão e o trabalho coletivo na escola. A presente pesquisa busca compreender se as Coordenadoras Pedagógicas reconhecem-se (ou não se reconhecem) como formadoras de professores/as nas escolas e quais as expectativas que nutrem sobre a formação dos mesmos, em especial a Educação Continuada. As coordenadoras que foram ouvidas no contexto de Grupos de Estudos dialogaram com a própria experiência, com as das colegas e com autores que defendem a formação dos/as professores/as nas escolas como responsabilidade da coordenação. A pesquisa busca ainda identificar as possibilidades e dificuldades presentes no cotidiano das Coordenadoras para organizar essa formação e os conflitos apontados pela identidade da função na hierarquia da escola. O trabalho pretende oferecer pistas e questões que possam cooperar com a reflexão sobre a função da Coordenadora Pedagógica e sua implicação no processo de formação continuada dos/as professores/as no interior das escolas.
SABERES E CONHECIMENTOS DOCENTES E FORMAÇÃO DE PROFESSORES: DOS SABERES E CONHECIMENTOS DA PRÁTICA AOS SABERES E CONHECIMENTOS DA FORMAÇÃO ( Mestrado )
Este trabalho inscreve-se no campo das pesquisas que se interessam pelos saberes dos docentes, considerando sua formação teórico-acadêmica e prático-escolar. Nesse estudo se busca analisar como os fundamentos teórico-acadêmicos dos conhecimentos dos diversos campos e ciências da educação apropriados durante o curso de formação superior e articulados com saberes oriundos da e na prática, atuam sobre a prática pedagógica de professores com longa experiência profissional,ou seja, se essa experiência de formação acadêmica vinculada a experiência de já ser profissional na educação possibilita ou não mudanças na organização do trabalho pedagógico. Para dar conta dessa questão, inicialmente a pesquisa envolveu 305 professores, desses, foram escolhidos 20 professores com mais de 10 anos de experiência profissional e que no momento estão fazendo o curso de Pedagogia na Universidade Federal do Acre. O trabalho aborda e discute o que os docentes sabem ou precisam saber para realizar seu trabalho docente; os espaços/mundos onde adquiriram e adquirem os saberes necessários á profissão; os modos de sentir-se em relação ao momento profissional que estão vivendo, vinculação da experiência docente com a formação profissional superior; a relação entre a teoria e prática, buscando sempre a transversalidade possível entre as mesmas; o encontro de professores como momento efetivo de formação, tanto teórica como prática. Por fim, discute a importância da articulação entre os conhecimentos teóricos apropriados e apreendidos através da formação acadêmica e os saberes construídos na e da prática docente exercida pelos profissionais docentes possibilitam uma formação profissional que tem como finalidade o questionamento, a reflexão e reelaboração de outras práticas docentes.
QUEM FORMA QUEM? INSTITUIÇÃO DE SUJEITOS ( Mestrado )
A hipótese inicial que motivou este trabalho é a de que a cultura predominante nas instituições educativas exerce uma poderosa influência na formação e na atuação dos profissionais da educação - a despeito de geralmente não ser considerada formativa - e que a compreensão desse processo pode resultar em informações úteis para as agências formadoras. O principal objetivo da pesquisa é identificar fatores relacionados à cultura institucional que interferem positiva e negativamente na formação e atuação profissional e alguns dos processos pelos quais esse fenômeno se dá. Busca-se compreender qual o impacto, na prática dos profissionais da educação, provocado pelas iniciativas de formação intencionalmente planejadas no âmbito das instituições em que atuam; quais as variáveis que contribuem para que essas iniciativas produzam (ou não) os efeitos pretendidos na prática dos profissionais; que tipo de influência a cultura predominante, os modos de organização e o funcionamento da instituição educativa em que se trabalha produzem, ainda que de forma não-intencional, na atuação de seus membros; que tipo de relação existe entre a cultura institucional e a cultura da profissão; entre outras. Os sujeitos da pesquisa são profissionais da equipe técnica de uma Secretaria Municipal de Educação que desenvolve um amplo programa de intervenção em suas políticas com o propósito de transformar a cultura predominante nas escolas e na própria Secretaria, profissionais de 5% das respectivas escolas e profissionais que ocuparam/ocupam diferentes funções educativas em escolas, secretarias de educação e instituições de ensino superior. Ou seja, há basicamente dois grupos de sujeitos: os que são parte de uma mesma rede de ensino, orientada pelas mesmas políticas e programas e os que pertencem/pertenceram uma diversidade grande de instituições. Nesse último grupo, a opção é por profissionais que, mesmo em condições adversas, quando a cultura institucional era/é desfavorável ao desenvolvimento do tipo de trabalho que consideram necessário, conseguiram/conseguem ter uma atuação coerente com o que acreditam.